sábado, 29 de dezembro de 2012

Nota para a saudade

Ao abrir as páginas deste livro que usualmente servem de fuga, encontro uma nota.
Nota contendo tua letra e teu perfume. Desesperadamente a coloco próxima de meu nariz, esperançosa de que ao sentir tua fragância, tal essência se transmutaria em ti, carne e osso, pelo, pele, cabelos. Assim poderia sentir este cheiro em tua pele. Pele suada, pele marcada, pele que eu tanto busco e me agarro. Pele que neste mesmo quarto escuro, beco da vida, me acho. Me acho porque te encontro e ao te encontrar me desbravo, me perdendo novamente em teus lábios. Da dor que pode ser o amor, me converto em devota de meu único objeto de paixão e lascívia. Dono de meus suspiros, de meus lamentos e de minha eterna saudade. Morro aos poucos, escrava da gana por teu afeto e principalmente, gana por tua presença.

sábado, 22 de dezembro de 2012

Faces

Mil faces do meu eu. O eu devotado, o eu adorável, o eu deplorável, o eu cruxificado, o eu puta. Atos do passado gerados em um grito da liberdade libertina convertida em elixir venenoso, corroendo a corrente sanguínia. Mudanças são tão lentas, mudanças as vezes não são nada. O passado ecoa, corrói e corroendo, me vejo correndo de mim. Não compreendo, fujo para algum beco escuro, mas é impossível fugir de si própria. Tenho várias faces, mas ainda sou eu. Meu eus sabem, meus eus compreendem. Dos desejos, da confusão mental, tudo é fruto, tudo são consequências do inconsequente. Como fugir de si mesma?

Sombra

Repetiu a melodia, repetiu a música, repetiu a história. Revivi o passado, não tão passado, reacendendo como chama que parecia já haver se extinto. Não consigo entender em qual curva do destino me perdi. Por querer tanto o certo talvez fiz o errado. Errado em que direção? Talvez tudo seja uma questão de perspectiva. Nada é simples, pessoas são complicadas e as escolhas talvez mais ainda. Liberdade se confundiu, se perdeu. O certo se fundiu com o errado. Em uma cama fui deixada. Mentira? O que é mentir? Compreender o que pode soar como incompreensível. Mera falta de comunicação, talvez. Nem tudo é claro como água, assim como em um mundo perfeito eu entenderia tudo nas entrelinhas. Para um casal que vive de passado, não pode haver futuro.