terça-feira, 29 de maio de 2012

O amargo sabor do fel

Empurraram-me de um lado para o outro, senti mãos percorrendo por minhas coxas. Quis gritar, mas a voz não saia e os meus lábios não mexiam-se. Qualquer impulso de agir perdeu-se, escapou-se em algum vazio dentro de mim. Nos abismos, trevas e solidão que possuo em meu íntimo, nenhum pode ser comparado ao que senti naquela noite. As estrelas dos céus pareciam esconder-se em nuvens fúnebres, pensei em minha doce fantasia que seria por mim. Nem a chuva que estava aproximando-se da silenciosa cidade pôde me acudir, me socorrer ou ao menos compadecer-se perante a minha dor. As lágrimas percorriam silenciosamente o meu rosto e mesclavam-se com as gotas da chuva, de tal forma que era impossível distinguir-las. Possuía a expressão vazia, tão vazia que não poderiam através do olhar externo saber se meu corpo estava pulsante ou não. Porém minha mente, ah, esta era um turbilhão, era fogo que ardia, ardia em minha alma e queimava qualquer sentimento ainda bom que habitava em meu ser. Vingança. A palavra latejou em minha mente, brotou. Vingança. Senti cada lacuna do meu corpo ser preenchida por uma só vontade, um só desejo, um só impulso e um só sentimento. Não importava a partir daquele momento quantas voltas o relógio teimasse dar, eu iria atrás de cada um daqueles rostos.

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