quinta-feira, 19 de julho de 2012

Ontem

Fantasmas do passado velam os meus passos. É teu reflexo perseguindo, persistindo e perpetuando em pequenos gestos cotidianos. Estes trazem a tona memórias de algo que não quero recordar. Nos versos de uma canção antes odiada, nos meus sonhos mais secretos e profundos estão a tua face e a possível volta. O sentimento que permanece é apenas o da lembrança de uma pessoa não mais existente, apenas idealizada teimando em ressurgir. És mera divinização onde em mil cenas ensaiadas e decoradas, penso como poderia ter sido, como poderia ter agido, tudo que poderia ser e não foi. O que foi, foi e nunca voltará. Paixão que permaneceu viva como chama, queimou, queimou tanto por dentro que queimou-me e transformou-se em cinzas. Em meus sonhos voltaste dizendo tantas palavras, porém palavras são apenas palavras e dentro de mim valor algum elas possuem. Tudo mudou, os caminhos escolhidos a trilhar foram distintos. Recordo-me da dor pulsante que por tanto tempo permaneceu qual ferida aberta e das lágrimas que percorreram por toda a minha face. Assim abro os olhos como em um despertar, percebendo tudo que cerca-me e como o hoje é promissor, reconfortante. Tudo prolonga-se pelo tempo que deve prolongar-se. És lembrança do ontem que não voltará e no hoje, és apenas mais um desconhecido.

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